“Você vai virar crente?”

Sou fruto de um desses 200 milhões de Novos Testamentos distribuídos por vocês.

Eu venho de uma família cheia de problemas e diante de tantas adversidades, minha mãe adquiriu distúrbios psiquiátricos. De sete filhos, cinco de nós éramos viciados em drogas. Nesse mundo das drogas a pessoa pode até perceber que estádo lado do mal, porém não consegue sair. Cheguei ao ponto de estar dentro do cemitério usando drogas e algo me impulsionava a comer as flores dos túmulos.

Tentei sair desta vida casando-me com uma menina que também era drogada. Tivemos uma filha e cogitamos abortá-la porque não tínhamos condições de criá-la. No entanto, decidimos cuidar dela. Após 3 anos casados – tivemos a segunda filha – minha esposa já não gostava mais de mim; ela arrumou outra pessoa. Foi-se embora a única ‘coisa’ que representava algo para mim.

Passei a tomar pinga já que as drogas não eram mais suficientes. Quando eu não tinha dinheiro para comprar a bebida eu ia no cemitério, porque lá eles faziam despacho e era fácil pegar pinga, ainda que com muito medo de me tornarum bêbado.

Eu não via saída e não sabia o que fazer da minha vida. Eu havia estudado, lido muito, eu tinha tantas ideias de filosofias, de Gandhi, de paz, de John Lennon e naquele momento eu estava morrendo interiormente. A minha irmã, que não se drogava, estava com cisticercose (doença causada pelos ovos do verme Taenia solium) e ela tinha sido desenganada pelos médicos. Alguns irmãos tentaram o suicídio, meu pai era um alcoólatra e estava fora de casa. Estávamos todos tristes e desesperados.

De repente eu comecei a pensar que eu precisava mudar. Comecei a ler alguns livros buscando mudanças. Numa visita à uma irmã eu a encontrei usando droga com meu cunhado; o casal também estava com muitos problemas. Ao entrar em seu barraquinho, vi uma Bibliazinha jogada. Pedi para minha irmã e ela perguntou, zombando: “Você vai virar crente?”, e eu respondi: “Só se for; eu não sei mais o que fazer com a minha vida, eu vou pegar esse livrinho aí, você me dá?” E ela me deu. O mais lindo é que ao ler eu comecei a entender. Logo parei de fumar, parei de beber e aprendi a amar. Um dia falei com a minha irmã, a que estava doente: “A Bíblia diz que Jesus faz tantos milagres; eu vou orar por você”.

Hoje minha irmã não tem mais a cisticercose. Meus outros irmãos, que tentaram o suicídio, hoje têm CD gravado. A minha irmã, que zombou de mim, é missionária em Minas Gerais, trabalha com recuperação de drogados junto com seu esposo. A minha mãe aceitou Jesus comigo e em pouco tempo ela partiu para a Glória. Eu tive a oportunidade de estar com meu pai no momento da sua morte. Ele era um alcoólatra e causou todo esse caos para a nossa família; ele estavacom câncer, com as pernas amputadas e ele me disse: “Filho, eu errei tanto!” e eu disse: “Pai, eu sei, mas tem um Jesus que liberta a gente. O senhor não quer aceitar Ele, não?” E ele respondeu: “Filho, eu quero esse Jesus!” e eu, na minha simplicidade, fui falando com a minha família e hoje minha casa é uma benção! A filha que eu cogitei abortar, casou-se e me deu 4 netos; tenho mais três netos da outra filha.

Minha vida é muito boa. Há 35 anos congrego na Igreja Cristo Salva em São Paulo, SP, onde fui consagrado pastor e atuo principalmente como evangelista. Eu agradeço pela vida de cada um de vocês. Esse trabalho é a razão da mudança de uma família inteira e não posso somar quantas vidas se converteram através da Palavra de Deus em minha vida.

Orlando Mormilho Filho (S. Paulo, SP)