Nasci num lar muito ajustado, mas aos 14 anos resolvi sair de casa em busca de respostas para as minhas inquietações. Envolvi-me em vários movimentos e filosofias de vida, no entanto, a angústia e o uso das drogas só aumentavam. Aos 17 anos eu não cortava o cabelo, nem fazia a barba.

Eu, que antes não matava nem uma barata, de repente estava assaltando, roubando e traficando. Nesse processo todo, fui preso inúmeras vezes. Tudo isso foi destruindo meu interior até que cheguei num estágio, onde não sabia mais meu nome, nem quem eu era; tornei-me um mendigo de sarjeta. Comia o que ganhava nas ruas, não tomava banho e o cabelo, já não penteava há muitos anos. Era uma figura horrível.

Muitos me diziam que eu ia morrer, que eu deveria reconhecer minha falta de paz, e minha vida de angústia. Mas isso não era novidade para mim.

Um dia, um moço aproximou-se de mim e de os outros bandidos e viciados que estavam comigo, para falar de Jesus. Então, perguntei se ele tinha algo para me dar. Ele, prontamente, me entregou um Novo Testamento. No outro dia, fui para a cadeia. Tem gente que pensa que quando a Bíblia chega tudo muda para melhor; para mim foi cadeia. Na cela, sozinho, li aquele Novo Testamento. Foi a coisa mais incrível da minha vida. Apesar de não entender nada, senti uma alegria, meu coração disparou, meu espírito fez uma festa, e eu falei pra Deus: “Cara, Seu livro é muito doido! Se você me tirar daqui, eu vou seguir Seu livro!”. Deus ouviu aquela oração, e no meio da noite o delegado abriu as portas e me convidou para sair, algo inédito! Mas eu saia de uma e entrava em outra. Ali eu lia o Novo Testamento, e toda vez uma alegria entrava no meu coração. Deus foi trabalhando através desse NT, até que fui parar no Desafio Jovem em Belo Horizonte, MG, em 1979. Lá fui convidado a ficar sem drogas. Durante uma crise de abstinência, eu falei com Deus: “Cara, se você morreu na cruz de verdade, se isso não é conversa de crente, eu que sou um mendigo, um lixo, eu que não presto, ninguém me ama, eu não me amo, se você pode fazer algo com esse lixo, eu estou aqui!” De repente, senti uma mão em meu ombro, e ouvi a voz gostosa de Deus dentro de mim, dizendo: “Eu te amo”. Vi Jesus morrendo na cruz pelos meus pecados. Naquela hora entreguei minha vida ao Senhor, e Ele veio de forma graciosa; eu não sabia se ria, ou se chorava. Naquele momento, Deus fez um milagre. Eu, que era aquela “coisa”, aquele rejeitado, que não valia para nada, eu me voluntariei para servir a Deus. Ele tinha um plano para a minha vida. Voltei para casa, e 6 meses depois estava no campo missionário, em Três Lagoas, MS. Deus me permitiu fazer grandes projetos e campanhas evangelística.

Hoje trabalho com a JOCUM – Jovens com uma Missão, responsável por toda a América Latina`.

Meu testemunho tem um misto de gratidão pelo trabalho gideônico e o desejo enorme de inspirar a quantos forem possíveis a serem Gideões, a continuarem sendo Gideões. Deixe Deus fazer aquilo que Ele mais gosta: milagre! E aos pastores a manterem as portas abertas a todos aqueles que queiram ser Gideões.

Ademailton Carneiro Sampaio (Curitiba, PR)

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